segunda-feira, 24 de maio de 2010

O preconceito da beleza

Já vi gente reclamando de ser feia, gorda, magra e pobre. Mas me preocupo mais com as pessoas bonitas. As pessoas bonitas fazem parte de uma minoria, e como as minorias também sofrem preconceito: elas têm que provar que fazem tudo bem feito apesar da beleza.

As pessoas bonitas podem se dar ao luxo de usar um relógio de 20 reais comprado na 25 de março. Mas quando alguém descobre, é um escândalo. Elas não podem andar de ônibus. Parece que já nascem tendo carro. Não podem namorar alguém feio, estudar em universidade pública ou esperar na fila da boate. Elas não podem ser carentes.

Se a pessoa bonita chega em uma festa, tudo para. Todo mundo olha, os cochichos começam e ela termina a noite só. Se ela termina a noite só, é porque tem algum problema: ou tem uma marca de nascença horrível em um lugar inacessível, ou no corpo tudo é falso. Será um transexual? No mínimo, hermafrodita.

As pessoas bonitas não podem dar aquele arroto que alivia, soltar um pum daqueles e nem mesmo dar aquela tosse carregada de catarro. Não podem acordar de mau humor nem dar “piti” na fila de um banco. Aliás, elas podem pegar fila de banco?

As pessoas bonitas não podem suar, feder, nem ao menos se lamentar. Só podem chorar se engordarem 50 gramas em um ano ou quando o cabeleireiro cortou 1 cm de seu 1,5m de cabelo. Fora isso, estão reclamando de barriga cheia, pois nunca precisaram de nada na vida, afinal já têm tudo que a grande maioria queria: o corpinho (dele ou dela).

A minoria das pessoas bonitas é a maior representação de que beleza não põe mesa. A não ser que se comporte como a maioria.

1 comentários:

Unknown disse...

Texto bacana, Ed!

É um carma essa coisa de beleza. Atrai até gente ruim! Pessoas bonitas não podem fazer nada fora do padrão, não podem errar nem se maldizer de nada. Vieram perfeitas para lidar com tudo no mundo. Parece que a beleza é um manual pré-programado de vida, moldado no corpo e no rosto, e que resolve tudo.

Postar um comentário